domingo, 28 de janeiro de 2018

VIII Marcha Nacional de Montanha

Travessia Invernal da Serra do Marãoxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Todos os anos o Grupo de Montanhismo de Vila Real tem organizado uma Marcha Nacional de Montanha, na Serra do Marão, integrada no Calendário anual da FPME - Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada.
Nas edições anteriores, não me foi possível participar, com pena ... até porque alguns dos meus "Manos" têm sido participantes assíduos nas últimas edições desta Marcha. Mas à oitava edição ... os "deuses" do Marão mobilizaram-se para me deixar participar; e fi-lo em representação do Clube de Montanhismo da Guarda, o Clube de Montanhismo do meu distrito adoptivo ... o distrito das minhas terras adoptivas de Vale de Espinho. Sexta feira ao fim do dia, com os meus "Manos" Cristina e Zé Manel e muitos outros montanhistas de diversos Grupos e Clubes, estávamos em Vila Real preparados para sábado bem cedo começarmos a Marcha.

Sobre Aveção do Cabo, 27.01.2018, 8h55 ... à conquista da Serra do Marão
Aveção do Cabo é um lugar da freguesia de Campeã, a ocidente de Vila Real, onde a Serra do Marão se esbate para norte e se abre para os vales dos rios Tâmega e Olo e para a Serra do Alvão. Ali começámos a Marcha, antes das nove da manhã, a 800 metros de altitude. O fim de semana prometia frio e vento, mas da pouca neve que ali caiu já nada restava. À medida que subíamos, as antenas do Marão iam aparecendo a sudeste, relembrando-me a mim e à "Mana" Cristina a bela actividade em que, há exactamente três anos, subimos ao cume daquele "reino maravilhoso".

Ultrapassados os 1000m, para sudeste levantam-se os pontos mais altos do Marão
Três "Manos" integrados no grande grupo desta VIII Marcha Nacional de Montanha
Para norte, terras de Basto, destacando-se o
Monte Farinha e o Santuário de Nª Senhora da Graça
E a Marcha prossegue para ocidente
Antes do meio dia estávamos a descer para a pequena aldeia de Covelo do Monte, única aldeia de montanha ao longo do percurso. Predominam as velhas construções de xisto e granito, algumas com telhados de lousa. A vida pastoril e agrícola ainda é uma realidade bem presente em Covelo.

Descida para Covelo do Monte
Almoço em Covelo do Monte
E em Covelo do Monte ... esperava-nos uma surpresa. O Grupo de Montanhismo de Vila Real, organizador da Marcha, tinha providenciado um lauto e saboroso almoço naquela aldeia perdida nas faldas do Marão! Das carnes fumadas a uma reconfortante feijoada ... ganhámos forças para a restante caminhada 😊
Saímos de Covelo ao longo do vale, à sombra de florestas autóctones e de pinhais. Seguiu-se a longa subida até ao vértice geodésico da Neve. O trilho ladeia a Portela dos Trigais até à Costa do Pedrado, onde encontramos as minas desativadas de Fonte Figueira, de onde se explorou estanho e volfrâmio até à década de 70 do século passado. O acesso às minas fez-se por duas variantes: por estradão, quem quis uma opção simples ... ou recorrendo a uma corda de apoio que a organização providenciou no local, para uma curta experiência de escalada.

Covelo do Monte vai ficando para trás, à medida que subimos a Costa do Pedrado ...
... e que chegamos às
Minas de Fonte Figueira
Minas de
Fonte Figueira
E a Marcha prossegue para sul, rumo à Capela da Senhora de Moreira
Pelas quatro da tarde cruzávamos o Parque de Lazer da Lameira, rumo à Capela da Senhora de Moreira, no alto do mesmo nome, a 972 metros de altitude, onde acorrem milhares de fiéis todos os anos, numa dura ascensão por um caminho medieval desde Ansiães.

Parque de Lazer da Lameira
Capela de Nª
Senhora de Moreira ...
... e a espectacular panorâmica que dali se admira para sul e sudoeste
Três quilómetros separavam-nos do final da caminhada, na Pousada de S. Gonçalo. Em Outubro de 2007 (já se passaram mais de 10 anos...) iniciei ali uma outra bela caminhada, com o CAAL.
Pousada de S. Gonçalo, ou Pousada do Marão
Tínhamos percorrido 22 km, nesta 1ª "etapa" da VIII Marcha Nacional de Montanha. À noite, em Vila Real, houve jantar convívio, com as boas vindas e os parabéns dos organizadores e a entrega de lembranças aos Clubes envolvidos. Estando a representar a associação do meu distrito adoptivo ... fui portador da que se destina ao Clube de Montanhismo da Guarda 😊
Discursos e entrega de lembranças aos Clubes e Associações participantes
Rumo ao Alto de Freitas, 28.01.2018, 10h00
2ª "etapa": Domingo, Alto de Freitas
Não muito longe da Pousada do Marão, o Alto de Espinho, a 1020 metros de altitude, na velha EN 15, era o ponto de partida para a segunda "etapa" deste fim de semana de Montanha. O vento zunia forte quando ali chegámos ... e às 9h30 o termómetro marcava 1ºC. Mas, à medida que subíamos, os horizontes abriam-se de novo, revelando-nos uma atmosfera mais límpida ainda do que no sábado. O destino era, para já, o Alto de Freitas, a 1346 metros de altitude, o segundo ponto mais alto do Marão. E à medida que subíamos, a neve ia também aparecendo no caminho. Pouca, muito pouca, mas bem alva e cintilante.

Os horizontes abrem-se, à medida que subimos o Portal de Freitas
Alto de Freitas (1346m alt.)
No Alto de Freitas, o vento empurrava-nos e quase nos fazia voar. As ruínas de uma capela de origens envoltas em mistério pouco abrigavam da inclemência gelada. No horizonte, a norte, avistávamos limpidamente o "meu" Gerês, terras de Pitões das Júnias, e, mais a leste, as alturas nevadas do Larouco. Mais perto, pouco mais alto que nós, o cume maior do Marão, a Senhora da Serra (1416m alt.), a lembrar mais uma vez, há três anos, a subida ao cume daquele "reino maravilhoso".

No Alto de Freitas, as ruínas de uma Capela de origens envoltas em mistério
A Senhora da Serra (1416m alt.), cume do Marão, vista do alto de Freitas (1346m alt.)
O Monte Farinha em primeiro plano e, ao fundo ... terras de Pitões das Júnias
A descida das Freitas fez-se sobre as vertentes íngremes e escarpadas da Ribeira dos Moinhos e da aldeia de Montes, aldeia tristemente assinalada por uma tragédia em que diversos habitantes encontraram a morte por electrocussão quando um cabo de electricidade caiu ao longo da encosta.


Descida do Alto de Freitas e, ao fundo das escarpadas vertentes, a aldeia de Montes
Com mais 9 quilómetros percorridos, à uma da tarde estávamos de regresso ao ponto de partida ... com as vistas e a alma cheia das belas paisagens serranas do Marão. E no Alto de Espinho, ponto de partida e de chegada da 2ª "etapa" da Marcha, fizemos as despedidas. A VIII Marcha Nacional de Montanha foi a minha primeira Marcha Nacional ... mas não será certamente a última. Menos de 5 horas depois estava em casa.
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3 comentários:

Raul Fernando Gomes Branco disse...

Adorei a reportagem, não só a prosa como a fotográfica! Fico feliz por saber que o meu amigo Callixto, superou mais uma prova!Pbs e um abraço.

José vaz disse...

Como sempre, consegues transmitir muitas das sensações que a atividade oferece e dar a conhecer os encantos de mais um recanto deste nosso lindo Portugal. Muitos parabéns. Um abraço.

António Mousinho disse...

Belas paisagens, bem apresentadas, como sempre, deste Portugal profundo, pouco conhecido por muitos de nós. Parabéns.