domingo, 22 de novembro de 2015

Pela Linha do Tua e no Douro Vinhateiro (1)

O rio Tua é afluente da margem direita do Douro, no território da terra quente transmontana. A Linha do Tua percorre um vale magnífico! O rio e a linha, lado a lado, permitem paisagens de sonho, quase irreais, através de uma das mais belas, ricas e bem preservadas paisagens de Portugal.
O Tua próximo de Abreiro, 21.11.2015
Mas ... a partir de Dezembro vai-se iniciar o enchimento da albufeira da Barragem de Foz Tua, com a consequente submersão de parte do percurso da antiga linha de caminho de ferro, que unia Foz Tua a Bragança. Assim, mais de duas dezenas de amigos da capital, do centro e do norte do país juntaram-se, para desfrutar da última oportunidade de reter aquelas paisagens ... que são Património Mundial! E, já que estávamos a norte, com base na vila de Alijó ... o domingo seria dedicado às belas paisagens das encostas do Douro vinhateiro!

Sábado 21 ... A Linha é TUA
Da velha linha do Tua, que no seu auge atingia os 134 km, a nossa caminhada dedicou-se aos últimos 30, a sul de Mirandela, já que é essa a zona que infelizmente o alegado progresso vai fazer desaparecer.
Alojados na bela Pousada de Juventude de Alijó, na manhã de sábado iniciámos assim uma longa jornada na Estação Ferroviária de Abreiro. Um dos desafios era contar as sulipas de madeira que se sucederam debaixo dos nossos pés ... mas sinceramente perdemos-lhes a conta... J

Começando a contar sulipas ... e para trás ficava Abreiro e a ponte da EN 314
Para além do conhecimento pessoal do companheiro que organizou esta bela caminhada, muitas informações foram recolhidas do blog "A Linha é Tua". Optámos pelo sentido descendente ... o que nos permitia ir vendo os marcos quilométricos diminuírem... J; ao km 25 estávamos na antiga estação de Codeçais e quase ao km 21 na de Brunheda.

Belos trechos do Tua, próximo da Ponte da Ribeira da Cabreira (em cima) e pouco antes de Brunheda
Pausa na Estação de Brunheda, junto a mais um belo trecho de águas livres e de velhas construções
Depois de Brunheda, o vale estreita. O Tua recebe o Tinhela na margem direita. A 22 de Agosto de 2008, foi nesta zona que se deu o último acidente na Linha do Tua, que provocou dois mortos e mais de 20 feridos. São visíveis ainda nas sulipas as marcas do descarrilamento.

Num belo troço do rio, próximo de
Brunheda, são ainda visíveis as
marcas do acidente de 22 de
Agosto de 2008
E o Tua segue o seu curso, rumo ao Douro
E os quilómetros sucediam-se, em contagem decrescente. Erva Má, S. Lourenço, Santa Luzia ... os apeadeiros também se sucediam, abandonados, fechados ... esquecidos. Almoçámos no de Santa Luzia, frente ao que resta do pontão pedonal que o ligava à aldeia de Amieiro.

Com S. Lourenço ao fundo
Estaremos na Ilha da Páscoa?...
Apeadeiro de Santa Luzia
Km 13 ... e a aldeia de Amieiro ficou para trás
A partir do km 12 começaram a suceder-se as pontes e túneis ... a relembrar-me a fabulosa "Rota dos Túneis". A primeira foi a ponte sobre a Ribeira de Barrabaz; depois, o Túnel da Falcoeira, das Fragas Más, de Alvela ... e já se notavam as obras da albufeira que vai engolir aquela paisagem imponente.

Ponte sobre a Ribeira de Barrabaz
Túnel da Falcoeira
O Tua no sítio das Fragas Más
Ponte e túnel das Fragas Más
Km 4, a seguir ao túnel de Alvela


Cascata da Ribeira de S. Mamede de Ribatua
Km 4, a seguir ao Túnel de Alvela
Ao km 3, como já sabíamos ... a linha deixou de ser nossa. As obras da barragem impedem a passagem nos três últimos quilómetros, onde aliás a linha já foi retirada. E a gigante de betão já se ergue, à espera do início do enchimento que vai cobrir toda aquela área. Seguiu-se, portanto, a subida desde o nível do rio até à aldeia de Fiolhal, onde de manhã tínhamos deixado um carro ... que levou os motoristas até aos outros.

17:00h, km 3 da Linha do Tua ... e o gigante de betão barra-nos a progressão para Foz Tua
Tínhamos assim completado 29 km, em que o único desnível foi a subida final para Fiolhal. Sulipas ... não as contámos ... preferimos apreciar as belas imagens que as fotos e principalmente a vista e a alma retiveram ... algumas delas irrepetíveis. E assim regressámos a Alijó ... para um belo jantar e convívio no "Pelourinho". Domingo ... o Douro esperava-nos...

1 comentário:

Raul Fernando Gomes Branco disse...

Já fiz esta viagem mas de comboio! Como eu gostaria de a ter feito a pé! Bela reportagem, adorei! Obrigado Callixto.