domingo, 28 de setembro de 2014

Relembrando o Caminho da Aventura...

De 5 a 14 de Julho, há pouco mais de dois meses, vivi aquela que foi sem dúvida a experiência e a vivência mais fascinante da minha vida, fora do âmbito da família que felizmente e orgulhosamente construí. Como então escrevi, não há descrição possível para o turbilhão de emoções sentidas e partilhadas. Seja-se o que se for do ponto de vista religioso, espiritual, gnóstico, ou o que se lhe queira chamar ... o Caminho de Santiago mexe com qualquer de nós; quem volta não é o mesmo que quem parte ... particularmente tratando-se de um caminho de aventura ... de "un Camiño por descubrir ".
Ribadavia, debruçada sobre o Avia, 24.09.2014
Pouco mais de dois meses depois ... voltei ao Camiño! Com outros companheiros, de carro, em 4 dias relembrei locais e momentos que ficaram eternizados na minha memória e na dos meus três companheiros da "aventura" de Julho.
As sensações foram, claro, completamente diferentes. Agora foi um regresso nostálgico, um relembrar para reviver de outro modo, fazendo de guia, naqueles locais tão marcantes, à minha companheira de vida e aos grandes amigos que nos quiseram acompanhar.

De Ribadavia a Santiago: Brués, o "monólito" do Paraño, o Pico Sacro ... e o reviver das emoções...

Esta "caminhada" nostálgica começou em Ribadavia, na 4ª feira 24. No verdadeiro Camiño, passámos naquela bonita cidade debruçada sobre o Avia ao 5º dia de "aventura". Agora, tanto na cidade como ao avançar para Leiro, Pazos de Arenteiro, Boborás ... tudo me parecia mais pequeno, mais perto...!

Foi por este caminho ...
... que chegámos à Ponte de San Clodio e a Leiro,
no dia 9 de Julho passado...
Ponte das Poldras, Leiro, sobre o Rio Avia, 25.09.2014
O Rio Avia em Leiro
O que dizer da sensação de voltar a Brués e à Casa Rural que literalmente nos "caiu do céu" no dia 10 de Julho? E que dizer ... de revisitar o "monólito" que construímos no alto de O Paraño, nos Montes de Testeiro? A nossa obra lá estava, intacta, erguida aos céus e às forças que nos fizeram erguê-la!

11.07.2014 - Quando construímos um monólito
nos Montes de Testeiro...
25.09.2014 - A companheira agora foi outra, a companheira
de uma Vida ... mas os meus 3 irmãos também lá estavam...!
11 de Julho
25 de
Brincando
Setembro
aos deuses ...
Adeus monólito do Paraño, neste lugar mágico que passou a ser nosso!
26.09.2014 - Casa Rural Brués ... quando nos despedimos dos "salvadores" de 4 peregrinos do Caminho da Aventura,
há pouco mais de 2 meses!
Sucederam-se Soutelo de Montes, Forcarei ... tudo muito mais perto, tudo muito mais rápido! E de repente, na manhã de 6ª feira ... surge-nos o nosso "farol", o Sacro Pico que também, no dia 12 de Julho, nos passou a assinalar a aproximação de Santiago!

Perto de Pardemarín ... o Pico Sacro surge-nos no horizonte! Tal como no dia 12 de Julho ... passou a ser o nosso farol !
Neste retorno aos locais mais emblemáticos do "Caminho da Aventura", tínhamos naturalmente de subir ao Pico Sacro. Os meus irmãos do Camiño, a minha família, a de sangue e a feita nas fragas da amizade e da partilha, sabem como o Pico Sacro ficou imortalizado em mim e para mim...

No cume do Pico Sacro, 13.07.2014

No Cume do Pico Sacro, 26 de Setembro
Pico Sacro, 26.09.2014 - O Caminho vai-se tornando parte do nosso ser ...
Numa tarde quente de 6ª feira 26 de Setembro ... entrei pela 4ª vez em Santiago, desde Maio passado! E Santiago fervilhava de gente, de energia, de Vida! Aquela cidade é "mágica"...! O que leva milhares e milhares de peregrinos a chegarem constantemente à Praza do Obradoiro, vindos dos quatro cantos do mundo, pés calejados, mochilas carregadas, bastões disfarçando as dores, mas sorrisos estampados nos rostos, energias redobradas à medida que se aproximam, exorcizando vidas e problemas?... O Caminho está em nós ... e nós fazemos parte do Caminho!

A magia da Praza do Obradoiro, Santiago de Compostela, 26.09.2014

Santiago
e S. Francisco...

Quando volto ao Caminho? Com quem? Por que rota? Não sei...! A Vida vive-se um dia de cada vez ... mas tal como Santiago fervilha de Vida e de energia, no meu imaginário fervilham ideias e rotas peregrinas ... até porque peregrino vem de peregrinus, a contracção latina de per (através) e ager (terra, campo). Se peregrino é, assim, o que atravessa os campos ... eu sou sem dúvida um peregrino...

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E a luz continuará em Santiago...

sábado, 20 de setembro de 2014

De S. Domingos à Ericeira

Depois da actividade de verão que nos levou de Somiedo às terras do fim do mundo, os Caminheiros Gaspar Correia reabriram a época com uma bela caminhada no concelho de Mafra, da aldeia de São Domingos, próxima da Encarnação, até à Ericeira.
Vinhas no vale do Rio Safarujo, 20.Set.2014, 10:17h
Um primeiro troço, marcadamente rural, levou-nos à praia de S. Lourenço, na foz do Rio Safarujo, o rio que atravessa a Tapada de Mafra.
Seguiu-se o Trilho dos Namorados, caminho estreito que sobe até Ribamar. Aqui trocámos o azul do oceano e a luminosidade do sol pelo verde da densa vegetação.
Em breve estaríamos novamente junto ao mar, mas desta vez visto de cima, da falésia, que percorremos até chegarmos ao local do almoço, nas proximidades do Forte de Santa Susana, mandado construir no século XVII, por ordem do Conde de Cantanhede, para defesa contra os piratas argelinos e tunisinos que atacavam esta zona costeira. Junto a este local encontrava-se o Forte de Ribamar, hoje desaparecido, que iniciava a 2ª linha defensiva das Linhas de Torres, integrado num conjunto de cinco fortificações. Julga-se que teria um posicionamento mais recuado face à linha de costa.

Praia de São Lourenço
Trilho dos Namorados
Praia de São Lourenço, vista de Ribamar
Falésias de Ribamar, até
ao Forte de Santa Susana
Continuando pela falésia, sobre a rocha, passámos pelos areais da praia dos Coxos e de Ribeira d’Ilhas, mundialmente famosa pelas provas de surf. Ao fundo, pesadas nuvens pairavam sobre a Serra de Sintra e o Cabo da Roca, talvez lançando por lá os aguaceiros previstos para todo o litoral. Mas para nós e como (quase) sempre ... um belíssimo dia de Sol...!

Praia dos Coxos
Ao fundo a Serra de Sintra e o Cabo da Roca. Lá, parece estar a chover...
Um pouco mais à frente voltámos à falésia, junto do arruinado Forte da Ericeira, também conhecido por Forte de Milreu ou ainda Forte de Mil Regos. É o último remanescente dos poucos fortes erguidos à época da restauração da independência, para defesa daquele trecho do litoral. Destinava-se a controlar o acesso marítimo à Ericeira pelo sector norte e, ao mesmo tempo, prevenir qualquer tentativa de desembarque na baía formada pela praia de Ribeira de Ilhas.

Praia de Ribeira d'Ilhas
Forte de Milreu, ou de Mil Regos
Graffiti nas ruínas do Forte de Milreu
Panorâmica do Forte de Milreu
A caminhada terminou na Ericeira, no Largo de São Sebastião, nas proximidades da capela com o mesmo nome. Bela caminhada, num belíssimo dia a lembrar verão.

Ericeira ... no final de uma bela caminhada de fim de verão
De S. Domingos à Ericeira
(álbum completo)
Debruçada sobre o mar,
vendo as ondas rebentar
entre calmas e furores,
Ericeira permanece
vila simples, que parece
falar só de pescadores

Do mar vem-lhe mais sustento
quando as ondas, mais o vento,
lhe permitem ir à faina.
E diverte-se o "surfista",
se essas ondas fazem crista,
quando o vento norte amaina.
(Victor Cintra)

sábado, 6 de setembro de 2014

Em terras de S. Bernardino e Paimogo

Desde Fevereiro que não caminhava com os Novos Trilhos; a disponibilidade de agenda não dá para tudo. Neste primeiro sábado de Setembro, houve contudo um "furo" para uma caminhada a sul de Peniche, mais propriamente centrada na Praia de São Bernardino, onde iniciámos a marcha pelas nove da manhã.
Praia de S. Bernardino, 6.Setembro.2014
O topónimo S. Bernardino deve-se à instalação de monges franciscanos num convento construído no século XV, o Convento de São Bernardino, naquela localidade, tendo escolhido para seu santo padroeiro São Bernardino de Siena.

Barragem de S. Domingos e Atouguia da Baleia, ao fundo
Começámos por atravessar campos hortícolas, até à represa de São Domingos, com a vila de Atouguia da Baleia em pano de fundo. Fomos contornando a barragem, sempre pela margem direita da ribeira do mesmo nome, em direcção a Bufarda e à costa, junto ao Forte de Paimogo.

Praia da Ribeira da Canavieira
Praia de Pai Mogo, com o Forte ao fundo
O Forte de Paimogo, ou de Nossa Senhora dos Anjos de Paimogo, foi erguido a partir de 1674, por determinação de D. António Luís de Menezes, Marquês de Marialva e depois Conde de Cantanhede, herói da guerra da Restauração da Independência, com a função de defesa daquele trecho do litoral, integrava a segunda linha de defesa da barra do Tejo, que se estendia da Praça-forte de Peniche até Cascais. Com o fim da Guerra Civil (1828-1834), terminou a missão do Forte de Nossa Senhora dos Anjos de Paimogo como fortificação militar marítima. Classificado como Imóvel de Interesse Público, no final do século XX o forte encontrava-se abandonado e em avançado estado de degradação. Entretanto cedido à Câmara da Lourinhã, está prevista a sua futura utilização como espaço cultural, integrante da Rota dos Dinossauros.

Forte de
Paimogo
Novamente pelas arribas litorais, voltámos ao ponto de inicio, numa bela jornada que totalizou cerca de 25 km. Pouco depois das 15h:30 estávamos de volta a S. Bernardino.

S. Bernardino está de novo à vista ...
Haja alegria ...
mas com 2 km de "tortura", pela areia...
E aqui ficam, como sempre, o percurso e o acesso à colecção completa de fotos. Bela jornada, num dia de previsão de chuva ... sempre ao Sol!
Por terras de Paimogo
(álbum completo)