terça-feira, 30 de julho de 2013

No Parque Ribeirinho da Póvoa de Santa Iria

Por iniciativa de grande amiga de longa data, criada na ribeirinha Póvoa de Santa Iria, uma mini caminhada levou-nos a conhecer, com dois casais amigos, o novel "Parque Linear Ribeirinho Estuário do Tejo", bela iniciativa da Câmara de Vila Franca de Xira, enquadrada na requalificação dos espaços marginais daquele Concelho.
Para além dos passeios pedonais, que se pretende que venham a interligar-se aos já existentes a sul e a norte, o Parque Ribeirinho da Póvoa engloba diversos equipamentos e espaços que permitem desfrutar do ar livre e das paisagens ribeirinhas, bem como conhecer a história e os vestígios das populações que por aqui passaram, deixando o seu testemunho, quer seja na evocação de actividades como a extracção do sal, o transporte fluvial, a industrialização da frente ribeirinha, ou na referência às actividades piscatórias exercidas pela comunidade avieira local, para a qual foram criadas novas e bonitas cabanas de madeira, perfeitamente integradas no conjunto.

Passeio pedonal da "praia dos pescadores" para norte, 30.07.2013
Patos junto ao passeio pedonal e flamingos no Mouchão da Póvoa
Para norte, os passadiços levam ao Forte da Casa e projecta-se que venham a ligar-se a Alverca e ao já existente passeio pedonal de Alhandra a Vila Franca de Xira. Para sul, estende-se um belo parque com ginásio ao ar livre, campos relvados e plátanos a crescerem, até à aldeia avieira onde se localiza o núcleo museológico "A Póvoa e o Rio", que vem materializar memórias desta ligação com as populações.

Cais avieiro da Póvoa
Junto ao núcleo museológico e à renovada aldeia avieira (mas à vista das antigas construções palafíticas), sentimo-nos um pouco personagens dos "Avieiros", de Alves Redol. A vida quotidiana daqueles "nómadas do rio" girava em torno do rio-vida, a que estavam sujeitos de forma irremediável, arrastando-os no seu infortúnio e exaltando-os na sua bem-aventurança.
"O Tejo, terrível e generoso, é o responsável pelas suas alegrias, pela sua recompensa diária e pela sua riqueza, mas também pelo seu infortúnio e pobreza. Considerado um autêntico tratado sobre a lírica do rio e seus arredores, Avieiros fala-nos de um passado não tão remoto, contudo impossível de recuperar." (do prefácio da edição de 2004, Mediasat)
A vida quotidiana daqueles "nómadas do rio" girava em torno do rio-vida
Em dia de semana, o novo parque da Póvoa de Santa Iria estava repleto de gente. A pé, de bicicleta, utilizando o equipamento de ginástica, a adesão da população ao novo espaço ribeirinho foi pelos vistos bem grande. Pena é que o núcleo museológico feche tão cedo; seria preferível mantê-lo encerrado às horas de menor afluência e abrir ao público no fim de tarde, quando os visitantes estarão mais disponíveis. Não fizemos, evidentemente, nenhuma grande caminhada - até porque estes meus grandes amigos de longa data não se deixaram cativar pelo pedestrianismo... J - mas para os dois lados do parque ainda percorremos um pouco mais de 5km.
O município de Vila Franca de Xira e a freguesia da Póvoa estão sem dúvida de parabéns.

Parque ribeirinho da Póvoa de Santa Iria

sábado, 27 de julho de 2013

De Torres Vedras à Foz do Sizandro,
pelos vinhedos do Oeste

Regressado das "estranjas" há pouco mais de uma semana, os "Novos Trilhos" desafiaram-me para uma caminhada na região Oeste, acompanhando com algumas variantes o vale do Rio Sizandro, de Torres Vedras até à Foz, a sul da Praia Azul ... a Praia Azul a que tantas e tantas vezes fui a pé ou de bicicleta, a partir da então "minha" Santa Cruz, que marcou grande parte da minha meninice e adolescência.
Torres Vedras, 27.07.2013, 9:05h - Partida!
Às oito horas deste sábado propício ao desentorpecer de pernas, começámo-nos assim a juntar na praia da Foz do Sizandro, organizando-se ali mesmo a logística dos carros que vinham para Torres. E três minutos depois das nove da manhã - tal como o chefe mandara... J - no parque de feiras de Torres estávamos a iniciar uma jornada de quase 26km, que nos levaria a subir ao Convento do Varatojo, para depois descer às ruínas do forte e do castro do Zambujal, povoado fortificado cujas origens remontam ao terceiro milénio a.C., no início da Idade do Cobre na Europa Ocidental.
Convento do
Varatojo
Vinhedos do Oeste
Povoado fortificado do Zambujal
Vamos descer para o vale da Ribeira de Pedrulhos
Pouco mais de 7km percorridos e estávamos a atravessar a Ribeira de Pedrulhos ... para seguidamente atacar uma "suave" subidinha (J) que nos levaria às proximidades do geodésico de Charnais.
Os vinhedos típicos da região Oeste começaram a acompanhar-nos ... quando não mesmo a atravessá-los, bem como a belos pomares e milheirais. Estávamos agora à vista de Ponte do Rol, nas imediações do Forte do Grilo e acompanhando parcialmente o percurso da GR30, Grande Rota das Linhas de Torres Vedras.

Ribeira de Pedrulhos
Uma suave subida para o geodésico de Charnais... J
Pelos vinhedos do Oeste...
A partir de próximo da Bordinheira, passámos a acompanhar sempre o curso do Sizandro; pena o estado da poluição das suas águas...! Entre S. Pedro da Cadeira e a Coutada, atravessámo-lo na EN9, para lhe continuar a seguir o curso para noroeste e voltando a atravessá-lo quando já se percebia a Foz e o casario da Praia Azul e da Boavista.

Sizandro, próximo de Bordinheira
Também há belos milheirais!
Oito minutos antes das três e meia da tarde estávamos na praia da Foz, com quase 26km nos pés, feitos à boa média de sensivelmente 5km/h. Em dia ameno, a praia estava cheia!

Quase 26km depois ... chegamos à Foz do Sizandro
Do outro lado do Sizandro lá estava o areal da Praia Azul ... seguido das falésias do Porto Escada e do Alto da Vela, que conduzem à velha Santa Cruz. Um dos companheiros desta jornada seguiu aliás a pé para Santa Cruz; não fora o facto de o meu carro não ter telecomando ... e tê-lo-ia acompanhado e recordado as minhas deambulações de há quase meio século... J.

De Torres Vedras à Foz do Sizandro

quinta-feira, 18 de julho de 2013

No parque de lobos de Werner Freund, em Merzig

Durante o roteiro familiar que se seguiu à "aventura pirenaica", a estadia no Luxemburgo permitiu-nos visitar o Werner Freund Wolfspark, próximo da vizinha cidade de Merzig, na Alemanha. Werner Freund é um "jovem" de 80 anos que dedicou grande parte da sua vida ao estudo dos lobos, vivendo no seio deles e tornando-se um deles.
Werner Freund Wolfspark, Merzig, 18.07.2013
O Wolfspark é um santuário de lobos fundado em 1972 por este antigo soldado alemão, onde nos últimos 40 anos criou mais de 70 lobos, originários de zoos ou de outros parques animais. Vivendo tão próximo dos seus lobos, alimentando-se como eles e com eles, Werner tornou-se num macho alfa, adquirindo a sua aceitação e respeito.
Numa tarde quente de Julho, a nossa visita ao Wolfspark apenas nos permitiu ver contudo meia dúzia de pachorrentos e sonolentos lobos, imóveis e impávidos aos visitantes. Um pequeno percurso pedestre de pouco mais de 3,5km deu-nos a conhecer um pouco da bela floresta desta região da Saarland, visinha do Luxemburgo.

Werner Freund e os seus lobos, Merzig, 18.07.2013
Dois exemplares de
lobo ártico, Wolfspark

A magia da floresta no Wolfspark de Merzig, 18.07.2013
Os lobos do Wolfspark de Merzig são originários da Europa, Sibéria, Canadá, Ártico e Mongólia. As fotos seguintes são do "The Atlantic" de 29 de Janeiro deste ano.

Werner Freund junto dos lobos da Mongólia, enquanto devoram o cadáver de um veado no Wolfspark de Merzig
"Nur wir heulen hier!" (nós somos os únicos a uivar aqui)...
Werner Freund coloca carne na sua boca para alimentar os lobos árticos
E um dos melhores vídeos sobre o Wolfspark de Werner Freund:


Escrito no Luxemburgo e no aeroporto de Barcelona, 19.07.2013

domingo, 14 de julho de 2013

Nas margens do Loire, de Tours a Rochecorbon

Depois da "aventura pirenaica", dos Pirenéus segui para um périplo familiar no vale do Loire e no Luxemburgo ... que forçosamente incluiria algumas caminhadas simples... J. A primeira teve por base a bela cidade de Tours, em dia da festa nacional francesa, 14 de Julho.
14.07.2013, 9:15h - Tours: uma caminhada nas margens do Loire
O percurso iniciou-se na cidade, atravessando o Loire na bela ponte de Saint Synphorien, a "Pont de Fil ". Trata-se de um belo percurso marginal, que aliás já tínhamos feito, eu, a minha "musa" e o primo que, tal como agora, nos fez de cicerone, em Janeiro de 2010. Até Rochecorbon, sucedem-se as paisagens ribeirinhas.

Paisagens ribeirinhas na margem direita do Loire, entre Tours e Rochecorbon
Rochecorbon é uma pequena cidade nas margens do Loire, conhecida pela sua "lanterna" e pelas casas "trogloditas". Hugues de Rochecorbon, neto do cavaleiro Corbon des Roches, mandou erigir a torre quadrangular que ainda hoje subsiste, e a que toda a gente chama "La lanterne".

"La lanterne" de Rochecorbon e casas trogloditas
A falésia adjacente à parte baixa da povoação é salpicada de portas e janelas ... na rocha. São as típicas casas "trogloditas" de Rochecorbon, construídas em grutas naturais adaptadas de múltiplas formas. A sensação é estranha, ao percorrer as ruas estreitas que lhes dão acesso; terraços, escadas, janelas abertas na rocha, até mesmo um alojamento turístico, tudo se desenvolve para o interior da falésia. Junto ao cais e ao posto de turismo, foi construída uma plataforma, para servir de miradouro a este autêntico conjunto histórico.

Rochecorbon,
Maisons troglodytes
O regresso a Tours foi pelo mesmo caminho ... porque outro não existe. 15km percorridos, vínhamos cheios de Loire e de belas paisagens, que afinal aliam o campo e a cidade, o rural e o urbano.

Nas margens do Loire, de Tours a Rochecorbon

Escrito no Luxemburgo, 18.07.2013