quinta-feira, 30 de junho de 2011

Rio Côa (4) - da Ribeira do Boi a Porto de Ovelha

Em Dezembro do ano passado, a descida pedestre do Côa tinha parado junto à foz da Ribeira do Boi, a sul de Seixo do Côa e de Valongo. Seis meses depois, retomei-a no mesmo ponto, avançando cerca de 15 km para norte ... e terminando o percurso do "rio sagrado" no concelho do Sabugal.
Deixei inicialmente o carro perto da ponte de Seixo do Côa e iniciei a jornada, a pé, pela encosta do geodésico do Picoto, que, também em Dezembro, tinha marcado o fim da "aventura". E pouco depois estava na foz da ribeira do Boi, na margem oposta àquela onde em Dezembro tinha terminado, a descer o Côa pela margem esquerda. E rapidamente as memórias perdidas dos velhos moinhos me voltam a acompanhar, no meio do emaranhado da vegetação e da solidão do tempo passado.

30.06.2011 - O Côa, junto à foz da Ribeira do Boi
Mais memórias perdidas no tempo: Moinho do Júlio Miguel
Admirando o Côa
O Côa, da ponte entre Seixo e Valongo do Côa
Seguindo o curso do rio, hora e meia depois estava na ponte do Seixo. "Transplantei" então o carro para junto da ponte de Sequeiros ... e voltei para trás, para retomar a descida pedestre. Continuando pela margem esquerda, o Côa recebe ali a ribeira do Seixo, a norte da qual duas açudes e um velho pontão de poldras, velha ligação pedonal a Valongo do Côa, oferecem belas imagens ribeirinhas, a que se juntam os vestígios do Moinho dos Pontões e do Moinho do Fontes.

Foz da Ribeira do Seixo, afluente da margem esquerda do Côa
Pontão de Valongo do Côa
O Côa a norte da Ribeira do Seixo
Papoilas a dar côr aos campos
Moinho
do Fontes
Pontão junto ao Moinho do Fontes
Há vida no Côa...
... mas também há mais memórias perdidas
E surge a Ponte de Sequeiros
O Côa recebe novo afluente na margem esquerda, o Ribeiro do Homem, antes de curvar quase 90º para leste e de chegar à vetusta Ponte de Sequeiros. Trata-se de uma ponte fortificada, que permite a travessia do rio numa vertente de grandes afloramentos graníticos, constituindo-se estes, por si próprios, numa defesa natural. De construção provável no século XIII, esta ponte seria um marco de fronteira antes da incorporação das terras do Riba-Côa no território nacional, pelo Tratado de Alcanices.

Ponte de Sequeiros
A partir da Ponte de Sequeiros, o Côa faz fronteira entre o concelho do Sabugal, na sua margem direita, e o concelho de Almeida, na margem esquerda. Subi um pouco a encosta de Vale Galego, à vista de Badamalos, descendo depois para a ponte José Luís, que liga Badamalos a Miuzela.

O Côa a nordeste da Ponte de Sequeiros
Gado nos lameiros ribeirinhos
E segue-se em direcção nordeste
Ribeira da Nave, afluente da margem direita do Côa
O troço ribeirinho a norte de Badamalos é uma sucessão de recantos paradisíacos. E chegamos à foz da Ribeira da Nave, entrando numa espécie de península entre aquela e a Ribeira de Vilar Maior. Esta última não é mais do que a junção das ribeiras de Alfaiates e de Aldeia da Ponte, que se reúnem a norte de Vilar Maior e não muito longe da foz, no Côa.

E o Côa segue o seu curso
Pontão de poldras sobre a Ribeira de Vilar Maior
Maravilhas do Côa...
... e a paz num tronco de árvore ...
Ultrapassada a Ribeira de Vilar Maior ... o Côa deixa o concelho do Sabugal. Porto de Ovelha já se avista ao fundo, na margem esquerda. Caminhando já no concelho de Almeida, é para lá que me dirijo, atravessando o Côa por um velho pontão que desemboca na pequena capelinha de Porto de Ovelha. A descida pedestre do Côa estava completada, pelo menos em terras Sabugalenses.

Ao fundo, Porto de Ovelha, Concelho de Almeida
Pontão de Porto de Ovelha
Moinho e pontão, à entrada de Porto de Ovelha
Pequena capela ribeirinha, Porto de Ovelha
E o Côa segue no concelho de Almeida. Estava terminada a descida pedestre em terras Sabugalenses
E assim, pouco antes das três e meia da tarde, terminado o curso do Côa no concelho do Sabugal ... restava-me voltar à Ponte de Sequeiros, onde tinha deixado o carro. Tinha avançado cerca de 15 km "úteis" do curso do rio ... mas a jornada foi de 28 km. E agora? Continuo até Foz Côa? O tempo o dirá.



(Ver álbum de fotos completo neste link)

3 comentários:

Anónimo disse...

Otima documentação sobre toda a regiao do Coa. Gostei de ler pois fiquie mais ilucidada sobre a regiao que me adotou.
Cecilia Coelho

João Pala disse...

Na qualidade de fozcoense, admito com toda a facilidade que a grandiosidade do Douro por vezes induz-nos inconscientemente a “pecar”, relegamos, erradamente, para 2º plano a grandiosidade da beleza do Côa. Afirmo, com a maior das calmas, que o Côa é a minha verdadeira paixão.
Parabéns e obrigado per este magnifico momento.

natalia bispo disse...

Sim Professor tem que chegar à Foz do Côa! Este "Rio Sagrado" está fantasticamente homenageado com as caminhadas de uma pessoa tão sensível, que nos leva a pedir egoísticamente... que continue! Dificilmente haverá alguém que substitua tamanho documentário! Bem-haja!!